A criança no primeiro setênio (0-7 anos)
- Sítio Miraflor 🌼

- 28 de abr. de 2020
- 3 min de leitura
“Não é possível reparar mais tarde o que o educador negligenciou fazer durante o primeiro setênio.”

Segundo a Antroposofia, o desenvolvimento psíquico e biológico do ser humano se dá em ciclos de sete anos. Isso porque a cada setênio trocamos todas as substâncias do nosso organismo e tal processo reflete tanto em nosso comportamento quanto em nosso corpo físico.
No primeiro setênio, a infância acontece. E nos três primeiros anos desse setênio a criança adquire o tripé básico que a sustentará durante toda a vida: o andar, o falar e o pensar. Para tal, o ninho é fundamental à criança, ele engloba: os pais, os avós, o calor, o espaço e a religião (espiritualidade). A criança deve sentir que “O mundo é bom” e através dessa sensação desenvolver a confiança no ambiente em que vive e nas pessoas com quem convive. Desta forma, seu espaço físico é gradativamente conquistado e aprimorado, servindo de base para todos os anos vindouros..
O corpo etérico é gestado durante esses 7 anos e nasce ao final deste período; durante seu amadurecimento ele plasma o corpo físico, forma os órgãos, influencia funções metabólicas e é responsável pelo crescimento. Daí a importância do brincar livre nesta faixa etária, carregado de movimentos e dinamismo, ao invés da superestimulação e da passividade oferecidas pela intelectualização precoce e pelo contato exacerbado com a tecnologia. Estes além de impedirem o processo de encarnação do ser, estimulam áreas do cérebro que ainda não estão suficientemente preparadas para lidar com certos conceitos, resultando anos mais tarde, no aparecimento de doenças escleróticas.
Por volta dos 3 anos manifesta-se pela primeira vez a consciência do “eu”. A criança percebe que de fato existe e por isso passa a negar tudo aquilo que vem de fora. Quando as birras começam, a criança está exercitando sua capacidade em dizer “não” para o mundo, e “sim” para si mesma. Quando ela se der conta de que continua existindo, independente de opor-se ao ambiente externo, essa fase negativa cessa e desabrocha sua vida emocional.
Nessa fase da vida, assim como em todas as outras, existem as crises existenciais. Na infância estas são vivenciadas através das doenças febris; fazem parte de seu desenvolvimento e devem ser encaradas como aliadas, pois são essenciais para a construção da individualidade (vide texto: Bem-vinda febre!).
O ritmo também é premissa básica nesse período. Deve-se respeitar a hora de brincar, de se alimentar e de descansar; os horários são extremamente necessários. Tudo tem o seu tempo e limites devem ser criados para evitar uma rotina caótica capaz de deixar a criança desiquilibrada.
Até os sete anos, as crianças são como esponjas, captam consciente e inconscientemente tudo que está ao seu redor. Isso significa que seu corpo etérico absorve todo tipo de sentimentos e pensamentos das pessoas de seu convívio. Ações e ideias morais ou imorais a permeiam, independente de serem explicadas ou justificadas; aliás, de nada adiantam regras e preceitos verbais, os quais entrarão por um ouvido e sairão pelo outro. O que ela precisa são exemplos e nada mais.
ORAÇÃO PARA O PRIMEIRO SETÊNIO
Da cabeça aos pés sou a imagem de Deus. Do coração às mãos sinto o sopro de Deus. Quando Deus eu avisto em todas as partes, em todas as pessoas queridas,
No papai e na mamãe, no animal e na flor, na árvore e na pedra, não sinto medo de nada: só amor a tudo que está ao meu redor.
Rudolf Steiner





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